quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Vencer com autenticidade

Por Yndiara Macedo

Sou uma das vencedoras do prêmio JI ( Jornal de Itatiba) de Literatura deste ano. Estou imensamente feliz. Não só porque ganhei, mas porque é muito bom ver um trabalho reconhecido e divulgado.
 Destaco dois elogios que faço ao prêmio JI :  a transparência e a  credibilidade na escolha.  Pode até ser que o Juri tenha certa pendência para este ou aquele estilo literário ou para este ou aquele tema, mas isso não é um problema, pois tenho certeza de que não há cartas marcadas. Já concorri e ganhei trez vezes e já houve anos em que meus textos não foram sequer selecionados.  Não porque sejam ruins, mas porque para o gosto e critérios do Juri, havia textos melhores.
Vencer um concurso, publicar um livro, vender mais ou menos, sair ou não no jornal, não significa grande coisa. Obvio que se trata de conquistas, mas o valor delas depende grandemente de como se chega lá. Quando se chega a algum lugar com autenticidade e ética, é o momento de estourar as champanhas e soltar os rojões . É o coroamento de um processo, de uma jornada de trabalho.
Há pessoas, no entanto, que na ânsia de cruzar a linha de chegada não se importam de ir jogando cascas de banana pelo caminho para despistar a concorrência. Tem gente que só chega em primeiro quando os outros tropeçam. Isso é triste. E infelizmente vemos muito isso hoje em dia, ainda mais na política, em época de eleições.
Na ânsia de engordarem os bolsos, certos "porcolíticos" não se importam de jogarem sujo e usarem pessoas como escada. Há as escadas de boa fé, que são os ingênuos que acreditam. Há as escadas desesperadas, que são os que estão necessitando de algo, às vezes de atenção, emprego, companheirismo, às vezes é alguém que espera uma parceria. E há as escadas corruptas, que são aqueles que se fazem de degrau na expectativa de subirem juntos. Talvez para esses seja muito bem feito quando descobrem que escada não sobe degrau, ela existe para fazer alguém subir.
Nada, no entanto, desculpa ou suaviza a falta de ética. E uma ética simples, pura e simplesmente humana, que é respeitar o próximo.
Não falo aqui só dos políticos, senhores candidatos, porque tenho esperança que exista algum que tenha bons valores.  Falo dos porcolíticos que se disfarçam de humanos, de cidadãos da polis, com seus discursos fascistas fantasiados de democráticos. É o sujeito que nega ser racista mas proíbe a filha de namorar negro e ensina ao filho que negra é pra fornicar, pra "comer". É o sacerdote de qualquer religião que pensa mais no tilintar dos bolsos do que na alma dos fiéis. É a perua que faz "caridade" pra sair na coluna social. É o "amigo" que só aparece na hora de pedir favor ou de fazer festa, mas que some quando precisa emprestar o ombro ou o ouvido. É o homófobo que não sai do armário e diz ser moderno mas se for cantado por um gay, lhe dá um murro na cara. É a autoridade que só faz valer o poder quando é o seu calo que está doendo, para quem pimenta nos olhos do outros é refresco. Gente que pouco se importa como chega, desde que chegue.

Eu cá por mim, adoro vencer, mas com autenticidade. Sem cascas de bananas, sem pimenta nos olhos dos outros, sem porcolíticos. Compreendo, mas não admiro Maquiavel.


Lembrei-me hoje do conto de Machado de Assis: " Um Apólogo" em que uma linha e uma agulha dialogam, cada uma querendo fazer-se mais importante do que a outra. Ao final vence a linha, em brilhante solução dada pelo Bruxo do Cosme Velho.







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