segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

É o fim do Mundo!

Entramos em 2012.
Há pessoas já desesperadas com o fim do mundo, outras fazem piadas, o google está cheio de cartuns e charges acerca do anunciado apocalipse.
Mas afinal, o que é o fim do mundo?
Qualquer cultura e civilização possui sua escatologia. Qualquer texto religioso tem fim apocalíptico. A Bíblia com seus quatro cavaleiros, línguas de fogo e águas convertidas em sangue; os Vikings tem o Ragnarok, o crepúsculo dos Deuses, enfim todas as religiões anunciam o fim dos tempos  Entretanto, a maioria esquece que ao apocalipse segue-se a gênese. A natureza reforma-se, ou , como diz Lavoisier, transforma-se. Nada é estanque. Nada permanece. Tudo passa e tudo é passagem. Então, como passaremos pelo fim do mundo? Ainda não sei, mas passaremos. Passaremos sim. Porque fim do mundo não é a Estátua da Liberdade boiando após um dilúvio nem o Cristo Redentor desabando diante de um tsunami.
Fim do mundo é o estado atual das coisas: corrupção ativa e passiva que continua impune, uma população que vende o voto por geladeira velha, ticket de cerveja, cesta básica, favor de um dia, para depois passar quatro anos sem aumento de salário, sem emprego, sem melhoria na comunidade, nas ruas, enquanto os senhores eleitos enchem os bolsos e aumentam seus próprios salários, ganham jetons para cumprirem o seu dever e comparecerem  ao plenário.
Fim do mundo é essa criançada cada vez mais mal educada por pedagogias inovadoras e "modernosas" que não renovam mas desintegram. É essa juventude alcoolizada, drogada, prostituída pelos Big Brothers da vida.
Fim do mundo é bandido amparado por lei e direitos (des)humanos que nunca vão prestar solidariedade à família da vítima brutalizada, violentada, assassinada.  É cidadão que mora atrás das grades da sua casa, mais fortificada que os presídíos, sem segurança máxima.
Fim do mundo é estarmos entre as dez maiores economias do planeta com um salário mínimo menor que o valor do aluguel, enquanto os senhores políticos ganham ( e roubam )  milhões às nossas custas.
Fim do mundo é ter que pensar em lei anti homofóbica, anti racismo e Marias da Penha, quando a real estruturação das famílias preveniria a violência com a pedagogia da tolerância e do respeito, criando uma sociedade em que eu entendo que sou igual porque sou diferente.
Fim do mundo é orfanatos cada vez mais cheios e adoção cada vez mais difícil.
Fim do mundo é ver professor apanhar de aluno, bombeiro e policial ganharem menos que caras que  dão pontapés em uma bola  ( e a maioria nem decide, dá vexame ).
Fim do mundo é esta crônica, que, se não fosse o fim do mundo, não precisava ser escrita.

Yndiara Macedo
02-01-2012

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